Afinal de contas...
Os carros não tinham cintos de segurança, apoios de cabeça, nem airbag!!
As camas tinham grades e os brinquedos eram multicores com pecinhas que se soltavam ou no mínimo pintados com umas tintas “duvidosas” contendo chumbo ou outro veneno qualquer.
Construíamos aqueles famosos carrinhos de rolamentos e aqueles que tinham a sorte de morar perto duma ladeira asfaltada, podiam tentar bater records de velocidade e até verificar no meio do caminho que tinham economizado a sola dos sapatos, que eram usados como travões...
Depois de Acabarmos Num Silvado Aprendíamos!
Íamos brincar na rua com uma única condição: voltar para casa ao anoitecer. Não havia telemóveis...
Os nossos pais não sabiam onde estávamos!
Era incrível!
Tínhamos aulas só de manhã, e íamos almoçar a casa.
Quando tínhamos piolhos a nossa mãe lavava-nos a cabeça com Quitoso e com um pente fininho removia a piolhada toda.
Braço engessados, dentes partidos, joelhos esfolados, cabeça rachada
Alguém se queixava disso?
Todos Tinham Razão Menos Nós...
Comíamos doces à vontade, pão com Tulicreme, bebidas com o (perigoso) açúcar. Não se falava de obesidade, brincávamos sempre na rua e éramos super activos ...
Quando comprávamos aqueles tubinhos de Fá naquela mercearia da esquina, vinha logo o pessoal todo a pedir um “coche” e dividíamos com os nossos amigos. Bebiam todos pelo mesmo tubinho e nunca ninguém morreu por isso ....
Quem não teve um cão?Nada de ração. Comiam a mesma comida que nós (muitas vezes os restos), e sem problema nenhum!
Banho quente? Champô?
Qual quê! No quintal, um segurava o cão e o outro com a mangueira (fria) ia jogando água e esfregava-o com (acreditem se quiserem) sabão (em barra) de lavar roupa!
Algum cão morreu ou adoeceu por causa disso?
A pé ou de bicicleta, íamos à casa dos nossos amigos, mesmo que morassem a kms da nossa casa, entrávamos sem bater e íamos brincar.
É verdade! Lá fora, nesse mundo cinzento e sem segurança! Como era possível? Jogávamos futebol na rua, muitas vezes com a baliza sinalizada por duas pedras... Ás vezes quando éramos muitos tínhamos que ficar de fora sem jogar nem ser substituído... mas nem era o “FIM DO MUNDO”!
Na escola tinha bons e maus alunos. Uns passavam e outros eram reprovados. Ninguém ia por isso a um psicólogo ou psicoterapeuta. Não havia a moda dos superdotados, nem se falava em dislexia, problemas de concentração, hiperactividade. Quem não passava, simplesmente repetia de ano e tentava de novo no ano seguinte!
As nossas festas eram animadas por gira-discos , a fazerem aqueles cliques da agulha a deslizar nos discos de vinil. As bebidas, eram claro, a deliciosa groselha com cubinhos de geloTínhamos:
Liberdade,
Fracassos,
Sucessos e
Deveres.
...e aprendíamos a lidar com cada um deles!
A única verdadeira questão é:
como conseguimos sobreviver?
E acima de tudo, como conseguimos desenvolver a nossa
como conseguimos sobreviver?
E acima de tudo, como conseguimos desenvolver a nossa
personalidade?
Sem dúvida vão responder que era uma chatice, mas ...
Como éramos felizes!!!
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